Jambu: um extrato botânico com diversas aplicações

As plantas e seus extratos representam uma importante fonte de insumos alimentícios, químicos e farmacêuticos, sendo utilizadas há séculos. As modernas tecnologias de extração, purificação e análise de substâncias quimicamente ativas tem aberto um amplo espectro de utilização, e cada vez mais direcionadas a aplicações com grande especificidade.

 

O Jambu ou agrião do Pará – Acmella oleracea ou Spilanthes oleracea – planta originária da Região Norte do Brasil, é muito conhecida na gastronomia brasileira e consumida como tempero em pratos típicos regionais, dentre eles o tacacá e o pato no tucupi. Seu extrato é objeto de pesquisa nas indústrias farmacêutica e cosmética devido a sua ação anestésica, proveniente de um ativo denominado espilantol.

 

Na medicina popular, suas folhas e flores são usadas através de infusão para o tratamento de dispepsia, malária, dor de dente e infecções bucais. Também é utilizado pelas comunidades ribeirinhas na pesca, pois seu efeito anestésico entorpece os peixes e reduzem sua mobilidade, facilitando sua captura sem o uso de redes.

 

A utilização do jambu fora da esfera culinária e popular iniciou-se no tratamento de xerostomia, condição de saúde conhecida como síndrome da boca seca. Descobriu-se que o extrato do jambu estimula as glândulas salivares proporcionando alívio a pessoas que sofrem dessa condição, causada por tratamentos com opioides ou radiação, ou também afetadas por disfunções metabólicas.

 

Sua utilização como anestésico (ou pré-anestésico) tópico é conhecida na odontologia, logo expandindo para a cosmetologia, onde é utilizado em loções ou pomadas para procedimentos depilatórios ou aplicação de tatuagens e micro pigmentações. O espilantol atua paralisando as terminações nervosas sensitivas periféricas e interrompendo a transmissão da sensibilidade à dor entre terminações (nociceptores) e o encéfalo. 

 

Essa ação anestésica tem sido utilizada em alguns produtos dermocosméticos antirrugas para a paralisação imediata e temporária de alguns músculos faciais que, impedidos de contraírem-se, não expressam rugas ou estrias na pele. Por esse motivo, o espilantol foi elevado pelos departamentos de marketing desses fabricantes a condição informal de “botox vegetal”, em referência a toxina botulínica utilizada em tratamentos estéticos como paralisante muscular sistêmico.

 

Ainda na esfera cosmética, o extrato de jambu pode ser utilizado como antisséptico ou desodorante, na prevenção da queda de cabelo e ainda conferindo toque macio a pele, além de prevenir o aparecimento de manchas ou sardas.

 

Curiosamente, uma das aplicações mais populares do espilantol é no mercado de produtos eróticos, em géis que causam entorpecimento ou sensação de formigamento nas mucosas do corpo. Alguns estudos apontam também que o extrato de jambu é capaz de ocasionar o aumento no desejo sexual, excitação e satisfação em indivíduos de ambos os sexos pela elevação nos níveis do hormônio folículo estimulante (FSH), hormônio luteinizante (LH), e da testosterona. 

 

Outros estudos analisam a aplicação do espilantol em fármacos por seus efeitos antioxidante, anti-inflamatório, neuro protetor, antimutagênico e anticâncer. Ainda, as ações antiparasitária, inseticida e larvicida do extrato de jambu indicam possíveis usos na veterinária e na agricultura.

 

 

Pesquisadores estrangeiros demonstram grande interesse nessa planta e seu potencial comercial, tendo registrado 15 patentes de uso nos Estados Unidos e 34 na Europa.

05.05.2023 | Extratos

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